À medida que cães e gatos se tornam membros mais importantes das nossas famílias, a indústria de alimentos para pets tem buscado inovações que vão além da nutrição básica: o objetivo é promover a saúde e a longevidade dos animais.

Pensando nisso, ingredientes como frutas, a exemplo da melancia (*) e do coco, têm ganhado destaque. Esses ingredientes não apenas são benéficos à saúde digestiva, graças às fibras e aos outros compostos bioativos, mas também fortalecem a conexão entre tutores e pets por serem naturais e familiares na dieta humana. A sua utilização também demonstra um compromisso com a sustentabilidade, ao aproveitar recursos de forma eficiente e reduzir o desperdício.

O coco, em suas diversas formas, tem sido amplamente estudado por suas propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas. Além disso, ele é uma importante fonte de gorduras e contribui para a saúde cognitiva, tornando-se um ingrediente nobre tanto na alimentação humana quanto na animal.

Que tal conhecer um pouco mais sobre esse ingrediente versátil e seus benefícios?

COCO (Cocos nucifera)

O coco é um fruto tropical da família das palmeiras (Arecaceae), caracterizado por sua estrutura distinta, composta por várias camadas, e ampla gama de usos, que vão da alimentação à indústria. Na culinária humana, diversas partes do fruto são aproveitadas, como a água, a polpa, o óleo e o leite. Além de versátil, o coco é uma fonte de diversos nutrientes e compostos orgânicos com potencial benéfico (tabela 1). Ele possui um alto teor de lipídeos e fibras alimentares, além de conter carboidratos e proteínas. Também é uma fonte de vitaminas, como a vitamina C, e fornece minerais essenciais como potássio, fósforo, magnésio e manganês. Além disso, ele apresenta uma taxa de umidade, o que contribui para a hidratação.

Tabela 1. Composição de alimentos por 100 gramas da parte comestível: coco, cru.

Fonte: Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO), 2011.

Os benefícios do coco na alimentação

Uma das características mais notáveis do coco é o seu alto teor de gorduras saudáveis. Em sua maioria, essas gorduras são ácidos graxos de cadeia média (TCMs), que são facilmente absorvidos e metabolizados pelo fígado. Uma das suas grandes vantagens é a capacidade de serem convertidos em cetonas, uma importante fonte de energia alternativa para o cérebro. Por isso, alguns estudos sugerem que o aumento de cetonas pode ser favorável para a saúde cognitiva, especialmente em cães idosos (Pan et al., 2010), e tem sido investigado em humanos para a prevenção e o tratamento de doenças neurológicas e neurodegenerativas, como o Alzheimer (Fernando et al., 2015; Sandupama et al., 2022). Além disso, entre os ácidos graxos do coco destaca-se o ácido láurico, que é conhecido por suas poderosas propriedades antimicrobianas. No organismo, o ácido láurico é convertido em monolaurina, uma substância que tem uma atividade antimicrobiana significativa contra bactérias gram-positivas, além de combater diversos fungos e vírus (Dayrit, 2015). Essa ação contribui para fortalecer o sistema imunológico, pois o corpo não precisa direcionar todos os seus recursos para combater esses patógenos, o que, por sua vez, pode ajudar a reduzir a inflamação.

O coco também é rico em compostos fenólicos, como o ácido ferúlico e o ácido vanílico. Eles não são ácidos graxos, mas sim potentes antioxidantes que ajudam a neutralizar os radicais livres. Essas moléculas instáveis causam estresse oxidativo, um processo que acelera o envelhecimento e contribui para o desenvolvimento de doenças crônicas (Marina et al., 2009). Além dos compostos fenólicos, o coco contém vitaminas E e C, que também atuam como antioxidantes.

Por fim, o alto teor de fibras insolúveis e não fermentáveis da polpa do coco é muito benéfico para a saúde intestinal. Elas não são digeridas, mas estimulam o movimento peristáltico, aumentando o volume do bolo fecal e auxiliando no combate à constipação. Junto a isso, as fibras contribuem para a sensação de saciedade, ajudando a controlar o apetite e, consequentemente, no gerenciamento do peso.

Apesar da necessidade de mais estudos para comprovar todos os benefícios, o coco se mostra um ingrediente promissor na nutrição humana e animal. As pesquisas indicam que ele é uma fonte valiosa de gorduras saudáveis, fibras e compostos bioativos com propriedades antimicrobianas e antioxidantes. Embora existam desafios relacionados ao seu processamento para algumas espécies, como a presença de fatores antinutricionais, as tecnologias atuais e futuras podem superar essas limitações, tornando o coco uma adição valiosa e sustentável à dieta (Mat et al., 2022). O coco é um exemplo de como ingredientes naturais podem oferecer benefícios amplos para a saúde, atuando na digestão, no sistema imunológico e na saúde cognitiva.

AUTORA: HELOISA TRABAQUIM ALEIXO PINTO (Estudante de Medicina-Veterinária- UNESP/Jaboticabal)- Embaixadora Special Dog Company. 

Referências:

DAYRIT, Fabian M. The properties of lauric acid and their significance in coconut oil. Journal of the American Oil Chemists' Society, v. 92, n. 1, p. 1-15, 2015

FERNANDO, Warnakulasuriya Mary Ann Dipika Binosha et al. The role of dietary coconut for the prevention and treatment of Alzheimer's disease: potential mechanisms of action. British Journal of Nutrition, v. 114, n. 1, p. 1-14, 2015.

MARINA, A. M. et al. Antioxidant capacity and phenolic acids of virgin coconut oil. International journal of food sciences and nutrition, v. 60, n. sup2, p. 114-123, 2009.

MAT, Khairiyah et al. Coconut palm: Food, feed, and nutraceutical properties. Animals, v. 12, n. 16, p. 2107, 2022.

PAN, Yuanlong et al. Dietary supplementation with medium-chain TAG has long-lasting cognition-enhancing effects in aged dogs. British journal of nutrition, v. 103, n. 12, p. 1746-1754, 2010.

SANDUPAMA, Poorni; MUNASINGHE, Dilusha; JAYASINGHE, Madhura. Coconut oil as a therapeutic treatment for alzheimer's disease: a review. Journal of Future Foods, v. 2, n. 1, p. 41-52, 2022.