As doenças do trato urinário felino, especialmente as urolitíases, apresentam uma alta casuística na clínica veterinária. Mesmo sendo uma doença de causas multifatoriais, pesquisas têm demostrado que fatores dietéticos podem induzir seu desenvolvimento, já que os ingredientes da dieta, digestibilidade, composição química e padrões alimentares afetam o pH, volume e densidade específica da urina.​

A formação de cristais e cálculos urinários têm como principais fatores a diminuição da frequência de micção associada a uma supersaturação da urina, devido à alta concentração de solutos (principalmente minerais).

Os urólitos de estruvita e oxalato de cálcio são os mais frequentes em gatos, sendo os de estruvita geralmente formados em urina supersaturada em íons de magnésio, amônio e fosfato. Já uma alta concentração de cálcio e oxalato favorecem a formação de cálculos de oxalato de cálcio.

A redução do pH urinário tem se mostrado eficaz na prevenção da formação de cristais de estruvita, porém valores abaixo de 6,2 podem aumentar o risco de formação de cristais de oxalato de cálcio, por isso para reduzir o risco de formação de ambos, considera-se a faixa ideal de pH urinário entre 6,2 e 6,8.

Os gatos, por sua origem desértica, apresentam uma maior independência da água, menor sensibilidade à sede e tem uma elevada capacidade para concentrar a urina, o que favorece o desenvolvimento de problemas urinários. Além disso, a formação de urólitos pode estar relacionada também a fatores não dietéticos. Entre eles estão: raça, idade, presença de infecções no trato urinário e sexo.

O sódio possui papel fundamental na diurese por sua ação estimulante em hormônios como a vasopressina e angiotensina, que estimulam a ingestão voluntária de água, reduzem a densidade específica da água e promovem um aumento do volume urinário e da frequência de micção. De acordo com a FEDIAF (2018), estudos mostram que são seguros para gatos saudáveis teores de sódio de até 1,5% de matéria seca ou 3,75 g/1000 kcal de energia metabolizável.

A dieta pode interferir tanto negativamente na formação dos urólitos quanto positivamente na prevenção dessas afecções. A subsaturação da urina é o principal objetivo para evitar o problema, resultando em menor concentração de minerais precursores dos cristais em uma maior diluição, aumentando o volume urinário e frequência de micção.