Você sabia que, assim como os humanos, os pets também podem ter Diabetes?

A Diabetes Mellitus (DM) é a segunda doença endócrina mais comum em gatos. Ela pode ocorrer secundariamente a uma condição primária subjacente (obesidade, síndrome de Cushing, acromegalia, administração de progestina etc.) que provoque uma resistência à insulina.

Estima-se que 80% dos gatos acometidos possuem diabetes do tipo 2, que é caracterizada pela combinação de resistência à insulina dos tecidos periféricos e do fígado com a insuficiência de células beta (β). A hiperglicemia por si só tem efeitos negativos na função das células β e na sensibilidade à insulina, um fenômeno denominado por glicotoxicidade.

Os sinais clínicos clássicos são poliúria (aumento na frequência de micção), polidipsia (aumento na frequência da ingestão de água), polifagia (aumento na frequência de se alimentar) e perda de peso. Esses sinais ocorrem como resultado da hiperglicemia persistente.

Uma dieta com baixo carboidrato é essencial para o manejo dos pacientes diabéticos felinos, pois reduzem a demanda por secreção de insulina pelas células beta. A dieta deve ser iniciada junto com a insulinoterapia e é importante que seja continuada durante a remissão.

A obesidade é outro fator capaz de reduzir a sensibilidade insulínica em aproximadamente 50%, requisitando maior secreção de insulina para manter a concentração de glicose na faixa normal, dessa forma, é extremamente importante que os felinos atinjam o peso corporal ideal para maior probabilidade de alcançar e manter a remissão.

Para felinos, apesar do emprego de fibra na alimentação ter sido avaliado com resultados positivos, alimentos com baixo amido são os mais indicados, podendo inclusive colaborar para reverter o quadro de resistência insulínica, tornando os felinos independentes da aplicação exógena deste hormônio.

Gatos diabéticos necessitam também de uma dieta rica em proteínas, a fim de maximizar a taxa metabólica, limitar o risco de lipidose hepática durante a perda de peso, melhorar a saciedade e prevenir perda de massa muscular magra. Felinos domésticos alimentados com dieta rica em proteína e pobre em carboidrato, aliado à insulinoterapia, apresentam maior chance de remissão de DM.

Dietas úmidas enlatadas são melhores do que alimentos secos extrusados, devido à baixa densidade calórica, associado ao aumento do consumo hídrico.

Um estudo realizado por Bennett et al. (2006), comparou os efeitos de um alimento com moderada fibra e alto teor de carboidratos (MC-HF) e um alimento com baixo teor de carboidratos e baixa fibra (LC-LF) no controle glicêmico em gatos com diabetes mellitus.

Ao final do estudo (16 semanas), consideravelmente mais gatos alimentados com alimentos LC-LF (68%, 22/31), em comparação com os gatos alimentados com alimentos MC-HF (41%, 13/32), haviam revertido para um estado não dependente de insulina (P = 0,03). 

Os gatos diabéticos neste estudo foram significativamente mais propensos a reverter para um estado não dependente de insulina quando alimentados com o alimento enlatado LC-LF versus o alimento MC-HF.

Fonte: Adaptado de: BENNETT et al. (2006)

De acordo com tais dados, a alimentação úmida torna-se uma opção promissora para auxiliar no controle e tratamento da Diabetes Mellitus felina.